quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Palavras


O país caminha para o abismo. O abismo aproxima-se de um país impávido e sereno, que parece aceitar a fatalidade sem reacção. O desemprego alastra-se atingindo jovens e menos jovens. Os analistas políticos, de pescoço decorado com gravatas excessivamente coloridas, palreiam como verdadeiros sabichões. A crise é global dizem os conformados. Os bancários esfregam as mãos, como quando está frio. O governador de altos salários passa o seu tempo a investigar. O presidente lamenta-se, mas tudo aprova. Os políticos do poder pedem descaradamente maioria absoluta para governar, coisa que não têm feito até agora. O povo é o culpado da crise. É o povo que vota nos políticos. É o povo que elege os políticos: os guterres, os santanas e os sócrates. É o povo que lhes dá o poder. O povo que não se queixe dos políticos, mas de si mesmo.