«Na altura prometi que este seria o meu último mandato, porque há coisas que eu quero fazer e não posso enquanto for presidente da Câmara».
Agora que Daniel Campelo deixou a Câmara Municipal de Ponte de Lima, o autor do Limicorum considera oportuno tecer alguns comentários sobre a sua gestão. Não vou escrever muito. Mais do que as palavras são as obras e avaliação que o povo faz das mesmas. Os limianos gostam de Daniel Campelo. Os resultados expressivos que alcançou nos actos eleitorais em que participou não deixam dúvidas e revelam esse sentimento.
A sua presidência ficou marcada por uma política de boa gestão e disciplina financeira, que facilitou a realização de importantes investimentos, num período em que muitas autarquias pelo país se debatiam e ainda debatem com enormes dificuldades de tesouraria.
Daniel Campelo transformou Ponte de Lima num concelho mais atractivo e aberto exterior, graças a uma estratégia de valorização e promoção dos seus valores naturais (Paisagem Protegida, Festival de Jardins e Ecovias) e à realização de diversos eventos de projecção nacional e internacional (Feira do Cavalo, Feira Medieval, Campeonato de Mundo de Horseball e Feira de Caça, Pesca e Lazer).
A nível educativo deram-se passos importantes com a construção de vários centros educativos. É irrelevante questionar a sua localização, a verdade é que estão construídos e as crianças têm melhores condições de ensino. Na cultura criou-se e dinamizou-se o Projecto Ponte de Lima Terra Rica da Humanidade, recuperou-se o Teatro Diogo Bernardes e o Museu dos Terceiros e construiu-se o Albergue de Peregrinos. No desporto, a política de construção descentralizada de campos com piso sintético foi acertada e tem contribuído para a melhoria da prática desportiva.
Mas nem tudo foi positivo. Não se conseguiu atrair indústria para o concelho. Campelo revelou uma estranha incapacidade para explorar as vantagens da nossa localização geográfica e da rede de infraestruturas viárias que atravessam a região, tendo deixado escapar alguns investimentos importantes.
A valorização do centro histórico esqueceu uma das obras mais necessárias na zona ribeirinha: a recuperação do areal, ficando para o sucessor de Campelo a dificil tarefa de encontrar uma solução para esse espaço, que poderá passar pela proibição do estacionamento e a mudança de local da feira quinzenal.
Com a sua saída fecha-se um ciclo e uma nova personagem toma conta do palco. Victor Mendes tem pela frente importantes desafios, dos quais destaco a criação de emprego, o alargamento do saneamento básico e do abastecimento de água a todo o concelho e a preservação do rio Lima, impedindo a sua poluição e promovendo os desportos naúticos, com especial destaque para a canoagem.